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Arquitetos: Le Dévéhat Vuarnesson Architectes
- Área: 260 m²
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Fotografias:Charles Pétillon, Philippe Thibault, Erwan Bouroullec, Charlotte Vuarnesson

Introdução. "Erwan Bouroullec solicitou ao estúdio de arquitetura LVA, fundado por Guillaume Le Dévéhat e Charlotte Vuarnesson, a reforma de uma antiga propriedade rural na Borgonha (França). Um projeto longo e meticuloso com o objetivo de respeitar o existente, valorizar as marcas do passado, gestos ancestrais e conferir a este lugar um caráter que é tanto versátil quanto duradouro integrando, ao mesmo tempo, o local em seu entorno natural da forma mais harmoniosa possível. Disto emerge uma casa paisagística em uma suave inclinação com uma vista quase de 360 graus dos vales e florestas circundantes: uma nova geração da arquitetura rural tão humilde em sua linguagem quanto eficiente em suas qualidades ambientais. Um lugar capaz de evoluir em múltiplos cenários - para reunir, criar, descansar, contemplar... - um lugar resiliente também capaz de resistir ao tempo". Marion Vignal. Uma casa ancorada na paisagem, a história de um canteiro de obras contada por meio de verbos relacionados ao ato de construir.




Entender as camadas da edificação, e suas memórias, e trazê-la a uma nova vida sem apagar sua história. Compor com o que já existe, sem distorcer, mas sim, transformar. Revelar e ampliar a qualidade e a beleza da arquitetura rural, revelando materiais, descobrindo a estrutura, preservando o estado bruto. Tender a uma simplicidade óbvia, para alcançar o máximo possível a realidade do material. Avançar passo a passo, convertendo, reabilitando e estabelecendo uma estrutura dentro da qual as coisas continuarão a evoluir. Manter a inclinação natural do terreno, que os volumes seguem, moldando suavemente o solo para criar novos caminhos. Criar áreas de equilíbrio natural para permitir que a flora e a fauna se desenvolvam livremente. Ventilar a casa naturalmente, posicionando aberturas criteriosamente para circulação de ar, revelando o caráter aberto do volume e deixando entrar luz natural. Construir edificação e paisagem de mãos dadas, trazendo a paisagem para dentro da casa, guiando a vegetação para as fachadas, experimentando frio, vento, sol e chuva. Observar o movimento das paisagens e da luz ao longo das estações. Preservar a estrutura da organização geral dos volumes ao redor do pátio, mantendo o máximo possível os volumes existentes. Abrir a vista do pátio para o sul removendo o pequeno pátio, que estava desmoronando, substituindo também parte do telhado de amianto do antigo estábulo para criar um espaço amplo, aberto e multiuso. Reutilizar o antigo poço de silagem para criar uma piscina natural.



Refazer a estrutura, suavizando a luz com o calor da madeira, unindo madeira nova e pedra envelhecida. Encontrar a geometria certa. Filtrar a luz natural da oficina com painéis de policarbonato, criando espaços intermediários, cobertos, fechados e sem aquecimento que se mantêm frescos no verão e protegem do frio e do vento no inverno. Criar um caminho virtuoso para a água da chuva, armazenada em um tanque subterrâneo e reutilizada para regar o jardim e suplementar a água da piscina naturalmente filtrada. Enriquecer a fachada com um tanque de água da chuva feita de um cocho de aço galvanizado, embelezando-o com peixes e vegetação. Trazer conforto para a casa, isolando o telhado do lado de fora com fibra de madeira, instalando vidro duplo, aquecimento sob o piso e fogões a lenha. Trazer luz e sol para dentro da casa através de enormes janelas fixas. Armazenar calor por inércia, mantendo-se fresco no verão com persianas.

Reforçar a estrutura existente com pisos colaborativos. Criar grandes salas centrais, foyers animados ou silenciosos, dependendo da hora do dia e das atividades. Fornecer salas para isolamento. Oferecer várias maneiras de entrar e sair da casa. Conservar as paredes divisórias de pedra da casa, adicionando divisórias leves de madeira. Reutilizar o carvalho das treliças removidas para criar as estruturas para as novas aberturas, compondo três degraus de escada com pedras encontradas no terreno ao redor da casa e recuperando as telhas de terracota para colocá-las nos peitoris das janelas. Reconstruir as redes, usando cascalho da pedreira local. Considerar a futura reforma da pequena edificação, com seu volume simples e telhado com bordas de ardósia.

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